Como Formatar Sua Fanfic Corretamente (& Não Causar Lágrimas Nos Seus Leitores) — Parte II

Imagem horizontal de tema bicolor, onde se lê: "Como formatar sua fanfic corretamente (e não causar lágrimas nos leitores); parte dois."
E vamos de fechar a primeira duologia de 2021.

Ahoy, marujos! Como explicado no post “Como Formatar Sua Fanfic Corretamente — Parte I”, fiquei devendo a vocês o desfecho da duologia. Sem mais delongas, confiram agora o resto das dicas de como melhor formatar suas fanfics; especificamente os diálogos!


Como formatar diálogo em fanfics

Existem duas formas de como formatar diálogo em uma história; uma delas é a fofa, linda, maravilhosa, com travessões. A segunda é a maior tragédia gramática que já acometeu a comunidade literária… que é usar aspas. Me dói admitir, pois eu sou um cadinho tendenciosa, mas as duas formas estão… certas.

Ensinarei as duas abaixo. Resmungando aos montes, mas ensinarei.


Usando diálogo com travessão

Pra começar esse subtópico, é importante que saibam que existem três tracinhos, porém só um que devemos usar em diálogo. São eles: o hífen (-), o meia-risca (–) e o travessão (). O hífen é usado apenas e tão somente para unir palavras (como por exemplo “tique-taque,” “super-hiper,” et cetera), enquanto que o meia-risca indica intervalos entre números (ex.: “10–20”); agora o travessão, sim, é pra ser usado na formatação de conversas.

O travessão não é o carinha mais fácil de achar no teclado então ou você pesquisa no Google e copia e cola toda hora (cof cof como eu faço cof cof), ou vai em “Inserir” > “Caractere especial” e procura ali. Meu LibreOffice Writer me fornece mil variações de grossura do travessão, mas tudo bem… deixemos isso de lado. O que importa é usar o bichinho!

Dito isso, também quero explicar sobre os verbos dicendi e sentiendi; sendo o primeiro o tipo de verbo que evidencia o ato da fala (ex.: “falar”, “dizer”, “responder”, etc), e o segundo o verbo que evidencia o ato da fala, mas também indica o estado psicológico do locutor (ex.: “gaguejar”, “ralhar”, “choramingar”, etc). São os termos que precedem ou sucedem as falas, e que ajudam a pintar uma imagem mais clara da cena na mente do leitor. Além dessas nomenclaturas, outros conceitos que usarei serão os de discurso direto e discurso indireto.

O “discurso direto” é o diálogo mostrado na narrativa, elaborado de forma explícita; o leitor vê ele se desenrolar sem nenhuma interrupção. O “discurso indireto” é o diálogo dito na narrativa, elaborado de forma implícita; a narração nos diz que as personagens conversaram e o que disseram, mas não nos mostra como foi. Um exemplo de discurso direto seria o seguinte trecho:

 

Ele não sabia quanto tempo ficou ali, e nem como conseguiu não ser visto por ninguém, mas ficou tempo o suficiente pros seus olhos cansarem de chorar e o sono vir. Acordou com músculos doloridos e uma mão gentil balançando seu ombro.
— Fico feliz que não tenha saído do campus ou coisa pior — disse Wonwoo, ajudando-o a sair do espaço minúsculo onde ele tinha se enfiado.
Jeonghan bateu a poeira da roupa amarrotada, sem energia.
— Você… você já sabe o que houve, né?


É de uma fanfic sem título minha do SEVENTEEN (Jeonghan/Joshua nation, rise up!), em andamento e sem previsão de finalização e muito menos de publicação. Perdoem a qualidade da escrita, é um rascunho ainda okay? Okay.

Aqui, o diálogo entre Jeonghan e Wonwoo é mostrado. Se esse trecho estivesse em discurso indireto, seria assim:


Ele não sabia quanto tempo ficou ali, e nem como conseguiu não ser visto por ninguém, mas ficou tempo o suficiente pros seus olhos cansarem de chorar e o sono vir. Acordou com músculos doloridos e uma mão gentil balançando seu ombro.
Era Wonwoo. Ele ajudou Jeonghan a sair do espaço minúsculo onde ele tinha se enfiado conforme dizia que estava feliz de Jeonghan não ter saído do campus ou coisa pior.
Jeonghan bateu a poeira da roupa amarrotada, sem energia.
— Você… você já sabe o que houve, né?


Todos os quatro citados são conceitos usados para escrever bom diálogo, e eles se relacionam com a forma correta de formatar tais diálogos.


  • Se a fala não levar ponto continuativo consigo, a narração subsequente vem em letra minúscula. Inversamente, se a fala leva consigo um ponto continuativo, a narração subsequente começa com letra maiúscula.

Essa é a parte em que mais vejo erro no ficdom. Tenham em mente que, até que um ponto continuativo apareça no parágrafo, a frase ainda é uma só, então as letras minúsculas reinam. Observem esse trecho do terceiro capítulo de Relíquia das Almas: O Conto da Espada:


— Não gosto de chá — disse Elesis, esticando o braço para Lire.
— Nem todo chá é ruim, Elesis — ela disse, pondo band-aids e gaze com esparadrapo nos ferimentos dela. — Um de camomila deve ser o suficiente.
Sua dor vai melhorar, você vai ver.

 

A fala de Lire continua em letra minúscula até o próximo ponto. Depois dele há outra fala, que se inicia em letra maiúscula já que é uma nova frase, e como todos bem sabemos, toda frase se começa com letra maiúscula, né Rupi Kaur? Ora, pois.

(Essa máxima se aplica a diálogos com aspas também.)


  • Se a narração no meio de uma fala longa não levar ponto continuativo, a fala após o travessão subsequente começa com letra minúscula, e logo após o travessão vem uma vírgula.

No caso de falas longas entrecortadas por narrações, é importante pontuar o início da segunda metade da fala com uma vírgula após o travessão. Analisem esse trecho do quarto capítulo da longfic citada acima:


— Ela tá menstruada. Espero que seja por isso. Se ser insuportável assim for da personalidade dela…

Arme ajeitou com delicadeza as costas de Elesis conforme a curvatura da cadeira.
— Do jeito que você tem sorte — ela disse, passando álcool em gel nas mãos —, é bem capaz que seja.
Elesis bateu o pé no chão.
— Eu ainda estou aqui!
— Eu sei — disse Arme —, e continuarei falando. Não tenho medo de falar nada na cara de ninguém.


Nas duas falas da Arme, o segundo travessão é acompanhado de uma vírgula, e é assim que o seu texto tem que se parecer. Não me questione, eu não faço as regras; apenas as divulgo em posts de blog, yo.


  • Se a fala termina com ponto de exclamação, ponto de interrogação ou reticências, e a narração subsequente é um verbo dicendi/sentiendi, tal narração prossegue em letra minúscula até o próximo ponto continuativo.

Essa regrinha está propensa a causar sublinhado vermelho cacheadinho debaixo das frases que você digitar no seu editor de texto de escolha, mas confia na tia que a tia fala com propriedade. Lembrem-se: até o próximo ponto continuativo, a fala ainda faz parte de uma frase, e toda frase começa com letra maiúscula, prosseguindo com minúsculas (salvo as exceções de siglas e substantivos próprios).


  • Se o locutor parafrasear a fala de outrem em sua própria fala, essa paráfrase vai dentro de aspas.

Sabe quando estamos conversamos com alguém e fazemos aspinhas com os dedos pra indicar que estamos citando a fala de outra pessoa? Isso se aplica na escrita e é pra usar aspas, gente! Não é pra usar apóstrofo ou ápice, é pra usar o sinal de aspas.

Um exemplo de como ficaria numa fala formatada corretamente é:


— Aí ela chegou pra mim e falou, “ah, essa roupa tá feia.” Oshi, e eu perguntei algo por um acaso? Eu hein, cada coisa.

 

Minha maior dica pra qualquer momento da escrita, mas especialmente na hora de escrever diálogo que soe real e interessante, é observar a forma como você mesmo fala. As aspas no exemplo incluíram o “ah”, porém é claro como o sol do meio dia que esse “ah” não pertence à fala original. Essas pequenas infrações, em prol de um diálogo realístico tanto em geral quanto em relação à caracterização da personagem narradora são permitidas, fanfiqueiros.

Só lembrem-se de usar as aspas certas porque né. Né.


  • Cada locutor leva seu próprio parágrafo no discurso direto, exceto em caso de interrupção por trecho narrativo comum.

Haverão momentos em que um trecho de narração se faz necessário em meio à fala; tem vez que tem como manter tudo num parágrafo só, porém na maioria das vezes será necessário um novo parágrafo senão vira balbúrdia que nem o senado brasileiro. Dessa forma, é plausível que uma personagem comece a falar, seja interrompida pela narrativa e depois continue a falar num novo parágrafo, invés de uma segunda personagem iniciar sua fala. Um exemplo disso é esse trecho do quinto capítulo de Relíquia das Almas: O Conto da Espada:


— Prestem bastante atenção: — disse, com muita seriedade… que foi prontamente ignorada — não é pra irem pra pista, e também não quero ninguém no campo de areia sem falar comigo, ouviram?
Fizeram que sim com a cabeça. Sieghart estranhou. Será que está na hora de jogar água benta neles?
— Tá bom… — murmurou, os olhando de viés. — Okay, e também não é pra falarem com estranhos. Quero vocês por perto, pra conseguir enxergar vocês.


Enfim, a tortura de levar criança pequena na pracinha. Terrível, verdadeiramente terrível…


  • Cada locutor leva seu próprio parágrafo, exceto quando a fala se estende e é necessário quebrá-la em mais parágrafos. Neste caso, tais parágrafos são precedidos de aspas de abertura, e essas aspas só se fecham no último parágrafo pertencente à fala.

Pra exemplificar esse subtópico, usarei o trecho de ainda outra fic Jeonghan/Joshua do SEVENTEEN incompleta minha, e eu espero não ser cancelada por gostar de ômegaverse. Um dia lanço um post sobre ômegaverse e suas controvérsias, pessoal, aguentem firme.

Curiosidade: essa oneshot eu bolei justamente pra explorar meus headcanons sobre a AU, porque a forma como ela é usualmente retratada não me agrada. Todo dia uma Mira problematizando tudo no ficdom, ó. Outra curiosidade: esse enredo nasceu basicamente pelo meu encanto com os comprimidos liqui-gel pra cólica menstrual. Ibuprofeno coisa linda da tia, nunca critiquei.


— Dito isso, agora eu vou explicar do que se trata o medicamento e quais métodos estamos utilizando pra testar ele. Como bem sabe — ele se ajeitou na cadeira, mexendo as mãos enquanto falava —, quando um lobisomem marca o outro, os caninos retráteis liberam uma substância que possui uma certa quantidade do hormônio triádico. Essa substância catalisa a aparição da marca e causa mudanças fisiológicas permanentes, entre elas a mudança do cheiro da pessoa.
“As pesquisas que viemos fazendo nos últimos anos conseguiram identificar padrões químicos e com engenharia reversa, chegamos a criar um protótipo de reversor. Ainda existe muito mistério por trás da marca e de como ela afeta o físico e psicológico das pessoas, e como esse medicamento é pioneiro, mesmo a versão oficial não conseguirá tirar a marca por completo.
“A ideia é que o líquido dentro da cápsula liqui-gel funcione como as pílulas do dia seguinte funcionam pras pessoas com útero. As cápsulas devem entrar na ferida da mordida e estourarem ali dentro. O líquido vai atuar num raio de quinze centímetros a partir de onde está, penetrando todo o tecido que achar. Vai captar, agarrar, toda substância que não for do próprio indivíduo e quimicamente neutralizar ela, como as bases fazem com o ácido. Essa neutralização vai ser lida pelo corpo como uma invasão de agentes estranhos.
“Em resposta, a ação dos leucócitos vai expelir todas as duas substâncias em forma de pus. Basicamente, esse remédio faz com que o corpo processe a substância como um inimigo, e excreta dela por si só. É como apertar a ferida na esperança que o sangue que sair leve junto a marca, só que de forma eficaz.”

 

Reparem que enquanto o Joshua fala pelos cotovelos, as aspas entram só no início dos parágrafos; porém no último, entra no fim também. Essa regrinha é pra evitar Muralhas da China de textos. Usem-na.

(Não reparem na qualidade da escrita, ainda é rascunho okay. E não roubem minha ideia pra fanfic, viu. Eu ainda terminarei essa oneshot; não sei quando mas vou. Se me plagiarem terão uma séria conversa com…! Meu mau humor apenas, pra ser sincera. Mas me deixarão muitíssimo triste, então não o façam, viu.)

(E se, biologicamente, a explicação do Joshua não fizer sentido algum... finjam que não viram nada, que esse post foi só um delírio coletivo. Faz anos que não estudo Química. Não sei mais qual a sensação de abrir um livro didático. Confesso que não faço ideia de como a parte do meu cérebro responsável pela lógica ainda não atrofiou.)


  • O sujeito da oração pode vir antes ou depois do verbo dicendi/sentiendi, ou pode ser oculto.

Esse aviso é uma mão na roda pros fanfiqueiros, pois nos permite variar a forma como elaboramos as falas na narração, tornando o texto menos repetitivo. Lembrando também que adicionar narração pra indicar quem está falando não é obrigatório; muitas das vezes você poderá omitir sem problemas pois o contexto vai explicar quem está falando, ainda mais se for uma conversa com apenas duas personagens.

Dito isso, variem a colocação do sujeito na oração quando a cena de diálogo for muito longa. A chave é a variedade, pessoal!

Você pode colocar antes do verbo…


— Como é?!
— Nada não, chefia — ele respondeu, apressadamente.


Ou depois do verbo…


— Como é?!
— Nada não, chefia — respondeu ele, apressadamente.


Ou simplesmente não colocar.


— Como é?!
— Nada não, chefia — respondeu, apressadamente.


Faça o que achar melhor e melhor soar ao ler em voz alta.


  • Em caso de fala cortada de forma abrupta, esse corte pode ser representado por outro travessão, ou reticências.

Contudo, ressalto que se você for usar um ou outro pra indicar pausas abruptas, que use apenas um durante todo o texto. Mais é menos, a simplicidade é a raiz de todo bem e pra confundir o leitor ao alternar toda hora é mais fácil que pular amarelinha.

(Igualmente, não usem demais isso. É tipo itálico; se usar em demasia, perde a eficácia.)


Usando diálogo com aspas

Aqui jaz Mira do Anotações Esparsas, que foi obrigada a falar de aspas em diálogo de história em português brasileiro. Press F to pay respect.


Screenshot de um tweet do usuário @sunflowermmimi, em que o usuário enaltece a beleza do travessão enquanto símbolo de formatação de diálogos, em detrimento das aspas nesse mesmo cargo.
Sim, meu nome de usuário agora é sunflowermmimi, e sim eu vou sempre defender a honra dos travessões!


  • A pontuação que faz parte do diálogo propriamente dito (ponto de interrogação, ponto de exclamação, reticências e ponto continuativo) vai dentro das aspas.

Quem lê bastante fic em inglês tá acostumado com essa atrocidadeDigo, essa forma de formatar diálogo. No Brasil a pontuação vai dentro das aspas, assim como no caso de diálogo com travessão. Veja o exemplo abaixo:


“Como é?!”
“Nada não, chefia.”


  • Exceto quando a fala vai no meio do parágrafo. Nesses casos, a fala leva um ponto continuativo ou final fora das aspas, independente de já ter pontuação dentro das aspas ou não.

Uma vantagem das aspas é que você pode enfiar conversas no meio de parágrafos narrativos que não estará errado (só meio feio, dependendo de como for, mas a questão não é essa). Contudo atentem-se ao danado do ponto continuativo, porque ele existe pra perturbar a paz dos fanfiqueiros e beta-readers.

Se o trecho de fala é a primeira frase do parágrafo, a pontuação que ir dentro das aspas é a única necessária; entretanto, se a fala estiver no meio ou no fim da unidade de sentido, é preciso um pontinho ali fora. Num é a coisa mais bonita do mundo literário, né, mas fazer o quê? Vide o exemplo:


Lass massageou o vão entre os olhos, sentindo a dor de cabeça dar as caras. “Ela tá menstruada. Espero que seja por isso. Se ser insuportável assim for da personalidade dela…”. Suspirou alto.

 

Obs1: Eu modifiquei um trecho do quarto capítulo de Relíquia das Almas: O Conto da Espada pra usar de exemplo. Quero deixar o mais claro possível que eu nunca usaria aspas pra formatar uma fanfic em português brasileiro; tenho um pouco de autoamor ainda, okay?!


  • A vírgula vai sempre fora das aspas.

Essa é pra travar a mente dos fanfiqueiros bilíngues que postam em português brasileiro e inglês… aqui no Brasil a vírgula fica de fora! Sim, sim, eu também fiquei chocada quando descobri. Que coisa, não? Portanto, o que nas suas fanfics em inglês você formataria assim:


“She said that and ran off,” Ana told me.

 

Nas fanfics na nossa língua você formatará assim:


“Ela disse isso e saiu correndo”, Ana me disse.

 

  • Se a narração depois da fala for um trecho de narração comum, ele começa com letra maiúscula.

Esse é um ponteiro óbvio para falas que levam ponto continuativo consigo, porém o mesmo se aplica às falas com os outros sinais de pontuação. Se o que vem depois das aspas não é elaboração da fala, isso é, não vem depois de uma vírgula, lembrem-se de capitalizar adequadamente.


  • Usa-se o sinal de dois pontos para diálogos que vêm depois de um trecho de narração que termina com verbo dicendi/sentiendi.

O sinal de dois pontos vem em qualquer narração que termine em verbo dicendi/sentiendi, inclusive em diálogos grafados com travessão, mas não custa nada lembrar. Dito isso, um trecho formatado corretamente ficaria assim:


“Não quero saber de ninguém se esquecendo dessa regra, não, viu”, ela disse, ajeitando os óculos no nariz. E continuou, ligeiramente alterada: “Sejamos todos caprichosos. Não é porque é ‘apenas’ fanfic que tem que ser mal feita!”

 

Tirei esse trecho de uma música da Megan Thee Stallion, podem confiar que é verídico.

(Ah, e a fala que vier depois dos dois pontos começa com letra maiúscula, viu. Atentem-se!)


  • Os pensamentos das personagens podem ser grafados com aspas. Nesse caso, seguem as mesmas regras do diálogo com o sinal.

Não é errado usar aspas pra grafar pensamento em texto que usa aspas pra grafar diálogo, mas vejam bem… imaginem o circo que isso ficaria? Como estou aqui na humilde missão de impedir o choro dos leitores, eu sugiro que usem itálico pra pensamentos.

Mas é só uma sugestão, tá. Num precisa seguir se não quiser. Sou da paz, apoio o que decidir fazer.

(Mas fica aí a reflexão.)


Obs2: Essas regras de formatação foram retiradas do post de mesmo tema no blog do podcast Curta Ficção, pela Jana Bianchi. Você pode acessar esse post por esse link, e também pode conferir uma entrevista que fizemos à Jana Bianchi em 2020, aqui no AE!


Anotações adicionais (ou devo chamá-las de… esparsas? Tá, okay, parei)

Entra aqui todas as coisas que eu queria falar mas não fazem parte das outras seções. Calmem que o post tá acabando, aguentem firmes guerreiros!

  • Discurso indireto também admite sinais de exclamação, interrogação e reticências. De igual modo, não exige que você inicie outra frase se não quiser, podendo pôr uma vírgula e continuar o trecho, e em alguns casos nem mesmo usar uma vírgula.

Isso é especialmente útil pra quem usa bastante onomatopeia nos textos (euzinha aqui, que não sabe escrever cena de ação sem enfiar um woosh! ou um zapt! no meio da coisa); porém o uso dessa liberdade não se limita a isso, é claro.

Esses termos podem vir italizados ou não se for onomatopeia eu sugiro que italizem —, e são mais encontrados em primeira pessoa e terceira pessoa de ponto de vista profundo. Nas cenas de monólogo, sabem? Não fiquem tímidos em adicionar um ponto de exclamação nos eventuais “ora essa!” que seus personagens soltarem nos pensamentos, afinal um “ora essa!” sem ponto de exclamação não é um “ora essa!” cativante.


  • Absolutamente nunca usem sinais especiais (asterisco, til, et cetera) para indicar algo que deve ser elaborado na prosa.

Asterisco não é negrito, isso aqui não é Markdown é Rich Text. Til não é nota musical se a personagem está cantarolando, então diga que ela está cantarolando. Não sejam preguiçosos em suas descrições, eu imploro! Vamo deixar isso em 2013, vamo?


  • Caso a personagem esteja falando uma língua estrangeira, tome atenção de quem está narrando e explore a confusão e choque de cultura na narrativa, invés de usar formatação mirabolante pra traduzir a fala.

Escrever uma personagem que não entende o que a outra está falando, ou que está falando algo que ninguém entende, é um desafio, sei bem. Porém existem formas mais eficazes de escrever isso do que inventar jeitos de colocar a tradução na narrativa, gente; usem a linguagem corporal das personagens, explorem a linha de raciocínio, enfrentem o desafio em prol de uma narrativa realística!

Se o leitor precisa saber o que está sendo dito, escreva a cena sob o ponto de vista de quem fala. Não use negrito, ou itálico, ou cores diferente do preto, ou sei lá, chevrons pra grafar isso. É dentro de limites que escrevemos boas histórias, e é com simplicidade que formatamos boas histórias.


  • Não use apóstrofo ou ápice para indicar supressão de letra de palavras que já são linguisticamente aceitas com suas formas encurtadas.

Esse é um puxão de orelha pro pessoal que escreve “tá” com ápice ou apóstrofo só porque é a contração de “está”. Gente, “tá” já é uma palavra por si só, sabiam? O que vem a seguir? Escrever “vos’mercê”? (_)

A intenção é boa, mas… não. Só não. O português brasileiro coloquial não é seu inimigo, não destrate o português brasileiro coloquial. Tenhamos uma relação amistosa com o português brasileiro coloquial.


  • Não exagere no uso do travessão na hora de escrever uma personagem gaguejando.

Existe a forma certa de escrever gaguejo, e existe a forma errada, que c-c-c-certamente p-p-p-p-pareceComComIsso aqui. Sabiam que é até ofensivo pra quem gagueja na vida real?

Se você vai escrever uma personagem que gagueja, pesquise como é viver assim; e quando for escrever personagens que estão nervosas e acabam gaguejando, não repita demais as letras. E não escreva a personagem gaguejando todas as palavras da frase, não é assim que funciona. Sério, estudem sobre como escrever gaguejo adequadamente. Lhes garanto que consertarão muito em suas escritas (e economizarão umas dezenas de bytes em hifens).


Imagem vertical, cujo fundo retrata um papel e uma caneta em cima de uma mesa, com um quadro cinza no centro. Lê-se: "Como formatar sua fanfic corretamente, parte dois."Capa feita no Canva. Todos os direitos reservados. Utilize o botão do Pinterest no fim do post para compartilhar essa imagem e ajudar o blog!



Conclusão

Ninguém é obrigado a nada, ainda mais aqui no ficdom onde tudo é feito por e para diversão; contudo, pros fanfiqueiros que querem postar histórias visualmente agradáveis e conquistar leitores fiéis, fica aqui esse artigo sobre como formatar sua prosa. Todos gostam de um texto bonito, e se vai se dar o trabalho de escrever, então pegue firme e se esforce pra escrever bem, não?



Aight, agora chegamos ao final do post. E aí, me revelei uma boa professora? Espero que sim, viu. Já me deparei com fanfic ilegível suficiente nessa vida pra preencher a quota de mais cinco reencarnações. Sejamos caprichosos, ficdom; é trabalhoso mas vale super a pena!

A fanfic usada como exemplo durante o texto se chama Relíquia das Almas: O Conto da Espada — não que já não esteja óbvio, pfft —, e está publicada no Social Spirit, Nyah! Fanfiction e AO3 (em inglês e português brasileiro). Se gosta de fantasia, aventura e romance slowburn, porque não me dar uma chance, sim? Formatei direitinho, juro. A fic fala de crescimento, respeito, lealdade… só tem tema bacana, confere só.

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Eu vou ficando por aqui, e agradeço a leitura. Até o próximo olá, fanfimores!



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E você? Já conhecia essas técnicas de formatação? Já formatava sua fanfic assim? Que tipo de coisa costuma fazer em sua prosa? Tem outras dicas de formatação pra dar? Me conta!

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