E Nos Bastidores do AE… – EP #1

Imagem de fundo bicolor, azul e branco. No centro, o título do post: "E nos bastidores do AE... - EP #1".


Se existe instinto materno, em mim ele se ativa quando penso no mês de dezembro. Em dezembro de 2021 o Anotações Esparsas completará três anos. Três! Sem querer dizer que o tempo passou bem rápido, mas olha… o tempo passou bem rápido.

Fizemos collab, quase dez entrevistas, passamos de cem posts no arquivo, somamos +500 seguidores nas redes sociais; enfim, crescemos significativamente — e não sem muito trabalho duro, tombos e surtos.

O post de hoje é sobre um dos três pares de mãos estiveram por trás disso.

Afinal, como andou a adm Mira nos bastidores do AE?



E vamos de… exaustão?

Um dos três maiores desafios de 2021 foi desenvolver autodisciplina. Ainda não cheguei onde quero, porém, em comparação a janeiro desse ano (e, especialmente, a janeiro do ano passado), melhorei bastante. Mal ou bem, me virei nos trinta diante dos contratempos.

Refleti deveras sobre métodos de produtividade, experimentei técnicas recomendadas, li sobre. Tentei quantificar tarefas, testei formas de me motivar. É sempre o suficiente pra me botar pra agitar as coisas? Não. Contudo, sem isso eu agito nada, logo revela-se indispensável.

Hoje o obstáculo é me contentar com o que consigo entregar. Ora, se tenho como quantificar minha produtividade, então ticar tudo no fim do dia qualifica o dia como produtivo, e o contrário também procede, não? Mas e os dias que não consigo ticar tudo, que são a maioria? E os dias que tico nada?

O segundo maior desafio do ano foi parar de me autossabotar (e esse eu ainda não superei). Minha autoestima frágil me impede de ser tão compreensiva comigo quanto sou com qualquer outra pessoa; eu sei que meu ambiente domiciliar, o status sociopolítico e socioeconômico nacional, as responsabilidades cada vez maiores da vida pessoal, e outros fatores, não me deixam seguir meus dias como os planejo. Estou aprendendo agora que, afinal, quase nunca terei dias que ocorrem como intendo.

Sei disso, no entanto… sigo abalada. É difícil admitir que tá tudo bem eu não alcançar as expectativas que eu tenho sobre mim. Para mais, estou aprendendo isso sozinha, sem uma figura de autoridade para me assegurar.

Em contrapartida, a dificuldade não me isenta da responsabilidade de lidar com isso. Chegarei lá, me acostumarei com a ideia. Só vai demorar mais um cadinho…

Enquanto não acho essa paz interior, tal modus operandi virou um ciclo danoso: mil coisas acontecem → não consigo cumprir as metas do dia → desanimo porque fiz nada → minha energia se esvai → faço nada → desanimo porque fiz nada → ad infinitum. Como que fica a escrita criativa? A redação de artigos pro blog? A criação de conteúdo pras redes sociais do AE?

A má notícia é que, pra cortar esse ciclo, tenho que me forçar a fazer as coisas. Sabe como dói no peito de uma perfeccionista se obrigar a fazer as coisas sabendo que vai sair tudo uma bela bosta já que ela não tá bem das ideias?! É horrível essa vida de ‘feito é melhor que bem-feito’, gente. How do y’all cope?

(Okay, parei.)

Aí entramos noutro ponto: além de indisciplinada e portadora de uma autoestima que só conspira contra mim, ainda sou perfeccionista. A boa notícia é que a terapia me deu 58.962 bicudas e 34.051 rasteiras, e minha autocobrança diminuiu. Em relação ao blog estou monitorando meus pensamentos para continuar sendo uma adm caprichosa, todavia não exaaaageradamente exigente. Com o tempo essa mentalidade se estende às outras áreas da minha vida, tenho fé!

A cultura na equipe também ajuda muito, claro. Atualmente somos eu e Carlos criando o material daqui, e desde 2019 eu bato na tecla de que o AE é hobby e devemos mantê-lo como tal (o que é sempre um lembrete pertinente, já que somos ambos perfeccionistas). O que mata é chegar às mídias sociais querendo falar de fanfics, toda serelepe, e virem dez mil perfis à sua direita e cem mil à tua esquerda, e tu sendo atingido por balas de demanda.

Cada vez mais podo meus feeds, tanto os pessoais quanto os do blog. Esse papo de “faça isso e aquilo pra produzir mais!” e “atente-se para não ser esquecido pelo seu público-alvo!” e “as pessoas estão mais online do nunca, aproveite para fazer sua marca ser vista!” faz morada nas nossas mentes sem que notemos. Quero muito que o AE seja lido por muitas pessoas, mas não a custo da minha saúde mental já debilitada.

Tenho que tomar cuidado. Estou tomando. Estou tomando cuidado com tudo, e a todo instante, e é por isso que estou tão cansada.

Quanto ao AE, sempre objetivaremos qualidade acima de quantidade; estou em paz com isso… só estou exausta porque, ainda assim, pensar no que eu poderia fazer se “apenas isso” ou “apenas aquilo” me afeta profundamente.



A paz de espírito de quem não tem paz de espírito

O subtítulo acima é tão real que brinquei com a Boo, do Feito de Palavras, que quando ela lançar a lojinha dela, quero uma xícara com esse bordão por questões de representatividade. (Esclarecendo que ela acha que eu estava brincando, mas, na verdade, falei bem sério. Ai de ti se não lançar esse item em Comic Sans, Boo!)

Como já comentei, estou fazendo terapia. A diferença é tremendamente positiva. Sem dúvidas ainda há muito o que melhorar, sobremaneira quanto à minha autoestima de qualidade questionável — sneaky annoying shoulder devil, that little shit — e minha malfazeja oscilação de humor, apesar do prospecto de progresso.

Não obstante, terapia não é panaceia, né? O que me houve foi que a pandemia agravou problemas pessoais anteriores, e agora eu tenho consciência da existência deles e da minha incapacidade de resolvê-los. O tratamento é imperioso pra mim, e não que eu contasse que ele fosse curar tudo magicamente, porém, mesmo com o acompanhamento psicológico, estou adoecendo. Curando alguns furos enquanto ganho outros…

Os efeitos mais intensos são a solidão, o desânimo e o cansaço psicológico. Me sinto sufocada por conta da auto-quarentena. Passo horas na cama após acordar, repassando mentalmente boas razões pra levantar e começar tudo de novo. Despendo meu tempo offline, online… pouca coisa ainda me diverte.

Não vejo a hora de voltarmos à normalidade e eu poder reencontrar as pessoas que amo. Meu consolo é que não perdi ninguém do meu círculo íntimo, e outras pequenas felicidades, pois, afinal, que há a mais hoje em dia?

O que tem me auxiliado a não explodir de amargura, estresse e ansiedade é fingir que não sou uma jovem adulta brasileira moradora do Rio de Janeiro de 2021; faço isso enfiando a cara nos cadernos e saindo apenas quando meus olhos gritam por descanso, assistindo vídeos, e lendo. Quando os planetas se alinham e estamos todos ligeiramente menos destroçados pela atualidade, também converso com meus amigos pelo celular — e a eles eu seriamente não poderia agradecer o suficiente.

Obrigada por não me deixarem enlouquecer. Foi por pouco, mas vocês conseguiram! Devo meus 30% de funcionalidade a vocês.


Imagem de fundo roxo escuro, com detalhes florais. No centro, um box cinza. No box lê-se: "E nos bastidores do AE...".



Eu sabia que não seria fácil, mas poxa, precisava ser tão difícil?

Tânia Mara cantou: “Sempre que quiser ir às estrelas / Me dê a mão”, mas meu sonho de pré adolescente era mais simples. Eu queria espaço. (N/A: Não o sideral, apesar de amar astronomia.)

Assim como na escrita criativa, antes de criar o AE eu desisti de outros sites e li inúmeros tutoriais sobre blogar. Todos me avisaram do trabalhão que é redação pra web, todavia, igualmente como a escrita criativa, manter um blog é algo que tu só entende mesmo quando põe a mão na massa.

Criar pro AE é como escrever uma fanfic a sério. Tenho que ir atrás de ideias para posts, desenvolvê-las, pesquisar o suficiente para expandir os tópicos, redigir o rascunho, reler quase dez vezes, odiar o que escrevi, abandonar no fundo do Google Drive e desistir de postar, olhar por tanto tempo pro teto, pensando em como não sou boa o bastante para minhas empreitadas, que esqueço do texto que criei… por fim, reencontrar o texto, odiá-lo menos e tentar a sorte no editor de textos do Blogger.

E digo mais: já que estou me lamuriando sobre ser blogueira, reservo esse espaço para uma nota de repúdio. Quem foi que inventou isso do blogueiro ter que escrever, e, em 70% das vezes, ficar incomodado com o que escreveu mas não saber como consertar pois sequer sabe o quê está incomodando?! Ai, cara, sério— Olha. Olha.

Valorize muuuuito os criadores de conteúdo que achar na vida, viu. Nos bastidores a gente se desdobra mais que fita de DNA na presença desoxirribonuclease…

Modéstia parte, as publicações do site são notáveis. De 2020 pra cá a qualidade dos meus textos melhoraram formidavelmente — me orgulho! —, mas nossa, foi com muito suor. Se algum dia alguém disser que é fácil criar redações pra web, saiba que essa pessoa está louca, pirada, fora da casinha. Bebeu 51 e depois ainda entornou um corote. Deve ser interditada o quanto antes!

Não bastando a brilhante ideia de manter um blog (felizmente compartilhado, contudo ainda assim compromisso meu), euzinha da Silva teoricamente lido com uma longfic, leituras, e a vida pessoal, acadêmica e social. Só no blog, sou responsável pela minha ala de posts, pela configuração do website e pelas redes sociais. Fecho o dia sempre muito abaixo da minha expectativa porque tudo exige um planejamento que tenho e não cumpro, e uma autodisciplina que necessito e não tenho. Relaciona-se ao que falei mais acima no post, de cansaço.

Estou cansada porque: 1) estou cansada; 2) não faço por onde para não estar cansada; e 3) de qualquer forma, tudo conspira para que eu esteja cansada. Esse post é apenas eu gritando “oh céus, que cansaço!” pelos cantos… o que é a mais pura verdade. Nem só de posts alto-astral viverá a adm Mira do Anotações Esparsas, okay? Okay.

Pra fechar ciclicamente, parafraseio as sábias palavras cantadas da Kátia: “Não está sendo fácil…”



2022, reaviva a blogosfera, eu imploro!

Now, now, hear me out. Eu sou administradora do Já Fanfiquei Tudoh! no Twitter também, né. O JFT existe desde 2019, e sobretudo em 2020/21, houve um crescimento significativo de páginas sobre fanfics e ficdom no Twitter e Twitch que eu, por causa do alcance do JFT, tive o privilégio de observar.

Eu estou amando isso. Tem página para ficwriters de fanfic em texto, de ficwriters para tweet-fics e AUs de Twitter, páginas para criação de podfics, diversos podcasts fanfiqueiros… um paraíso! Certamente tem mais perfis em outros canais, como o YouTube, que eu não estou sabendo — porém um dia acharei porque meu faro pra fanficagem é meu maior aliado.

Eu estou amando, estou mesmo… mas e os blogs? Não me entenda mal, isso não é uma reclamação. É uma observação acompanhada de suspiro sonhador, todavia nada de protesto.

O meu hábitat natural, depois do sofá, é o mundo das palavras. Sou uma criaturinha de roteiros, excertos, tratados, tá legal?! Gosto de ler, gosto de escrever, gosto de textos. Pelo que sei, o AE é o único blog ativo especificamente sobre fanfics, ficdom e cultura de fãs. Que desperdício.

Se você aí um dia já teve a ideia de criar um blog de semelhante temática ao Anotações Esparsas — faça. Eu tô te implorando. Eu tô de joelhos no milho, mãos juntas, olhos marejados. Cada célula do meu corpo vibra frente a prospectiva. Tava atrás de um sinal do universo? Aqui está seu sinal!

É um tema bem nichado, porém tem seus entusiastas.* O AE só existe porque eu queria que alguém falasse do que eu falo por aqui, mas é claro que seria muito melhor pra mim se outro blog do tipo nascesse. Eu não teria o trabalho de criar nada, e teria o conteúdo que quero ler. Simplesmente estupendo.

Tenha bondade no coração e crie esse blog, fanfimor. A adm Mira aqui já está velha, caquética; precisa de jovens tomando o lugar dela e trabalhando pra ela em vez dela trabalhar pro ficdom—


* “Tá bom, Mira, cê diz que tem entusiasta porém dedicou uma seção inteira do post pra falar de flopissse. Tô ligado.” Ora essa, eu não existo? Outros produtores de conteúdo fanfiqueiro não existem? Um mercado inteiro, recente, voltado pros estudos sociais da cultura de fãs, não existe?

Existe leitor pro conteúdo, e eu te garanto isso fundamentada nas estatísticas de brilhar o olho do AE, que nem cinco anos tem ainda. Se esses leitores vão interagir contigo já são outros quinhentos… porém aposto que mais da metade de quem me lê aqui está acostumado com o flop das fanfics, né?

O que você tem a perder? O que tem a ganhar?

Fica aí a reflexão.



Se precisar de mim, é só me procurar onde as fanfiqueiras flopadas normalmente estão

Por fim, outro obstáculo na minha jornada em direção ao nirvana é a flopisse. Eu poderia dizer que estou conformada, e essa fala seria mentira; o AE é um espaço de debates sobre ficdom, fanfics e cultura de fã. Óbvio que quero interação!

O flop não é suficiente pra me fazer abandonar o website, porém é o suficiente pra me fazer sentir-me falando com as paredes.

Dado o perfil do website, isso atrapalha, inclusive, na redação dos posts. Ora, se a meta é iniciar debates e trazer posts conclusivos pro ficdom, como farei isso se não há com quem debater, pois não há leitor interativo no blog?

Esse problema não tem real solução. Mesmo usar as redes sociais para atrair internautas só vai até certo ponto… e, como eu já disse antes, dobra o trabalho que eu teria se só escrevesse pro AE — fato que me deixa daquele jeito, que você já sabe.

(Dica: começa com a letra C.)

Fico feliz de ter amigos fanfiqueiros que, como eu, se interessam por cultura de fãs. Costumo conversar com eles, e até com a ajuda deles que desenvolvo a maioria dos posts da maneira que o faço. E, bem, tenho o AE também. Vou só catando meus caquinhos de opinião, jogando na web e esperando alguma alma iluminada me achar e comentar nos posts. Não é o bastante mas… é o que temos pra hoje, né?

Meu sonho de princesa é criarem uma espécie de “clube do livro” na vida real, exceto que para fanfiqueiros e sobre fandom. Seria demais! Imagine só: encontros periódicos para falar das últimas polêmicas fanfiqueiras, analisar psicológica e sociologicamente o fenômeno do fandom e fanficar horrores sobre as leituras recentes… poxa, queria demaaaais.

Pensando no caso, a falta de fanfiqueiros caindo no AE pode ser reflexo da pandemia. Ficar no mundo virtual exaure a mente, então quem logra da possibilidade, está passando menos e menos tempo online. Entendo e apoio, faço o mesmo quando dá.

É… talvez, com sorte, o AE se estabeleça em mais três anos, e nós hitemos. Com o hit virá um número considerável de fanfiqueiros cheios de opinião pra partilhar, e o site há de se tornar, verdadeiramente, um espaço feito de fãs para fãs.

Eu também queria demais, isso…



Conclusão

Tudo conspira para que eu esteja cansada. Se me perguntarem o que sou, direi que sou cansada, muito cansada.


Obs: A redatora do artigo não se arrepende de ter repetido tantas vezes, num curto período de texto, que está cansada.



Posts conversativos me tiram da zona de conforto porque eu não estou acostumada a falar de mim. Jesuuuus apaga a luz e desliga o geradoooor…

De toda forma, nada melhor que um blog para treinar minhas fraquezas. Espero que tenha gostado e se identificado com algo! Sozinha sei não estar. E você também não, viu? O Anotações Esparsas sempre acolherá fanfiqueiros criadores de conteúdo e de fanwork que estejam com ombros pesados.

O próximo post será em comemoração dos três aninhos do blog, em 27/12 — que também é aniversário da Boo, do Feitos de Palavras. Marque na agenda pra nos dar muito amor, pois merecemos hehe.

E eu queria poder dizer que depois dele nos encontraremos em 2022… contudo entrarei em hiato por tempo indeterminado aqui no site. Ano que vem, especificamente, minha cabeça será integralmente habitada pelo estresse dos rolês de universitária, além de outros projetos pessoais.

Seguirei criando conteúdo pras redes sociais do AE — Twitter, Instagram, Curious Cat e Pinterest —, e esclareço que não estou deixando a equipe. Também me esforçarei para ficar em dia com Relíquia das Almas: O Conto da Espada (publicada no Nyah! Fanfiction e AO3). Sumida sim, parada nuncah.

Obrigada pela sua atenção, seja você fanfimor visitante ou fanfimor assíduo. Até o próximo olá — e que ele não demore.


p.s.: Já sinto saudades.


Os textos publicados no Anotações Esparsas são de total autoria dos administradores e colunistas, exceto quando anunciado o contrário. É proibida a reprodução sem permissão, parcial ou completa, de nosso conteúdo.


E você? Cria conteúdo fanfiqueiro pra web? Passou pelos mesmos perrengues que eu? Me conta!

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