O Que Faz Uma Fanfic Boa?

Eu não te conheço, meu caro leitor, mas sei que se chegou até esse artigo, em algum momento de sua jornada você já se fez essa pergunta. 

Pode parecer uma pergunta de iniciante, no entanto, não é raro encontrar veteranos que vira e mexe também são assolados por essa interrogação. 

De onde nasce a dúvida?

Ninguém se embrenha num projeto com a pretensão de dar o seu pior. É claro que começamos nossas fics querendo que elas sejam boas e esse desejo puxa a questão: O que é uma fic boa? 

O mais comum é continuarmos a nos guiar pelos desejos na busca da resposta. Podíamos escrever e deixar guardado no bloco de notas, mas se escrevemos e postamos, estamos nos dispondo a dividir com o mundo. Buscamos isso. Pelo menos a maioria dos autores que eu conheço, odeiam a ideia de flopar.

Ou seja: Temos a tendência de associar que uma fanfic boa é uma fanfic de grandes números.  

Por que os números são uma grande cilada... 

Evidente que muitas pessoas consideraram boas as histórias de grande alcance. O que não quer dizer que os números sejam o único critério de qualidade existente ou sequer que sejam obrigatórios para uma história ser chamada de boa. 

Os números podem vir de diversos fatores. Uma boa divulgação, uma polêmica, grandes ships do momento sempre geram grandes views; por falar em momento, timing também influencia bastante. Autores mais antigos costumam já ter construído uma base de leitores fiéis. Alguns gêneros e subgêneros atraem mais públicos do que outros e etc. 

Pelo menos uma vez na vida, todos já nos perguntamos ou ouvimos alguém perguntar, “como aquela história tem tanta view?”. E o comentário seguinte é sempre alguma explicação do porquê a pessoa não considera aquela fic uma história boa.  

Da mesma forma costumamos questionar quando uma fanfic que achamos ótima não recebe tanta atenção. 

O que nos leva ao próximo tópico.

A questão do gosto

A verdade é que quando pensamos no que é uma fic boa, nossa mente visualiza primeiro aquelas das quais mais gostamos. E é claro que muito dessa noção vem de um campo individual de predileções. 

Não há nada de errado nisso, é natural considerarmos bons nossos próprios gostos. Mas talvez haja quando classificamos algo como ruim baseado apenas em nosso padrão. Ou quando nos empolgamos na liberdade de nossas fan accounts e agimos como se todo mundo que não tem a mesma lista de favoritos que a gente, estivesse automaticamente errado. 

Resumindo: Gosto pessoal não é errado, mas também não é padrão de qualidade. 

Alguns aspectos, porém, parecem ser considerados universais para uma boa história. 

A pesquisa

Todos os posts do AE envolvem pesquisas prévias e para esse aqui, além óbvio Tio Google, nós perguntamos aos seguidores da nossa página de humor associada no Twitter, a @fanfiqueitudo, o que eles acreditam tornar uma fanfic boa.  

E nos surpreendemos ao ver as respostas concordarem não só entre si, como também com a maioria dos artigos já disponíveis na web quando se busca por “o que faz uma história ser boa”.

O ficdom concorda que a despeito do seu fandom, personagens, gêneros, plots e headcanons favoritos, o que faz os leitores consagrarem uma fic é certa qualidade técnica na execução do texto e da criação da história. 

Os pontos mais levantados, foram:

·        Qualidade da escrita;

Sem sombra de dúvidas, o quesito campeão de menções. E com escrita de qualidade, nossos colaboradores quiseram dizer: domínio razoável da língua portuguesa (gramática e ortografia), boas técnicas de descrição e narração e uma formatação de texto que traga conforto e compreensão. 

Houve até quem ressaltasse que mesmo uma AU de Twitter, composta apenas de prints do Whatsapp, precisa de um mínimo esforço para soar compreensível. 

O que pode ajudar a atingir essa meta é o auxílio de um beta reader, reler o texto antes da postagem, passar pelo revisor dos softwares de escrita pelo menos uma vez. 

Mas é claro, nada será tão bom e eficaz quanto um bom conhecimento da nossa língua. Anotar nossas maiores dúvidas, uma pesquisa ou outra de vez em quando, não vai fazer mal. Muito pelo contrário. 

·        Enredo bem construído;

O segundo ponto mais levantado foi o enredo. O ficdom está cada vez mais ávido e exigente. Os leitores esperam sentir que o autor sabe o que está fazendo, para onde está levando a história. Em outras palavras, eles esperam poder confiar num bom planejamento. E a última coisa que esperam é uma história cheia de furos de roteiro.  

O plot deve ser não só bem planejado, como bem desenvolvido na prática. O tema precisa ser bem definido, ou seja, o leitor tem que poder identificá-lo com certeza e saber explicar com facilidade sobre o que a história se trata, numa conversa, por exemplo. 

Quando abrimos uma história é implícito que desejamos ser envolvidos por ela. E grande parte disso é função do enredo. 

Algumas de nossas respostas também citaram que não ter pressa ― não soar como se estivesse correndo com os eventos, sabem? ― e não contrariar a proposta da sinopse no desenvolvimento da história é igualmente importante. 

·        Personagens bem construídos;

Sua história nada mais é do que a jornada de um protagonista atravessando uma série de conflitos crescentes até o clímax, seguido de um desfecho. Seja bom ou ruim. E na grande maioria das histórias, o personagem que acompanhamos não caminha sozinho. Não é de se espantar que os leitores achem esse um tópico importante na qualidade de uma história. 

Os leitores estão cansados de personagens perfeitos demais. Eles querem verossimilhança, complexidade, personagens tridimensionais (profundos na construção física, social e psicológica). Que vazem humanidade e sejam consistentes com suas trajetórias e personalidades. 

·        Causar emoção;

Essas foram algumas das respostas que mais me tocaram durante a pesquisa ― porque particularmente, seria a minha também

Uma boa história é aquela que nos faz sentir algo

Quando mergulhamos na literatura queremos sentir toda a graça daquele universo que nos é apresentado. Para que a história nos segure ali, precisamos nos importar com o destino daqueles personagens e daquele mundo. Precisamos que aquilo nos cause qualquer sentimento suficiente para nos grudar os olhos na tela. Seja empatia, seja alegria, um fluffly que deixa o coração quentinho, um drama que nos faz chorar ou um terror que nos deixa arrepiados. 

·        Contexto;

Essa me pegou de surpresa, confesso. O ficdom carrega muito a fama de que só nos importamos com os personagens e em fazer deles o que quisermos em histórias próprias, ou, sendo menos gentil, com colocá-los nas situações mais típicas das fanfics ― cof, cof, hot... ―, no entanto, nossa pesquisa chutou essas más línguas na cara.  

Nos importamos com o contexto das histórias sim, somos tão atraídos pelo plot quanto pelos nossos personagens e fandoms favoritos. Nem só de ships vive o ficdom, queremos originalidade, queremos ser surpreendidos. 

Mesmo que os clichês continuem fazendo muito sucesso, isso não desmonta o resultado. Ainda são bons contextos, não são? Especialmente quando bem trabalhados. 

A redatora que vos fala, confessa que adora resignificar clichês e ler outros autores que também fazem isso. No fim o resumo é esse: O plot importa. Muito. 

·        Sinopse; 

Curta, mas bem explicada. Esse é o pedido geral. 

A sinopse serve para apresentar o enredo de forma a interessar o leitor em começar a história. Ela apresenta brevemente um personagem, seu cenário inicial e o conflito incitante. 

Não coloque apenas um trecho enorme da história; além de cansativo e desanimador, na maioria das vezes isso não entrega o suficiente para despertar o interesse do leitor ― Além de passar a má impressão de falta de habilidade do autor. 

E por tudo o que é mais sagrado, jamais escreva coisas como “não sei fazer sinopse”, “lê para saber”, “dá uma chance para minha primeira fic”, “’tá ruim, desculpa”. Imagino que não seja necessário dissertar porque isso não funciona, muito pelo contrário...

·        Não ser OOC; 

Ok, isso não foi levantado por uma esmagadora maioria, mas já que foi, achei digno ressaltar. 

A sigla OOC vem do termo em inglês Out Of Character, em livre tradução “fora do personagem” e representa literalmente essa situação. É quando por algum motivo o personagem é apresentado de forma inconsistente com sua personalidade e comportamentos originais. 

Os seguidores que atenderam nossa pesquisa deixaram claro que entendem mudanças em plots onde elas sejam justamente o centro da proposta. Do contrário, para algumas pessoas, esse distanciamento da imagem pré-concebida do personagem quebra a suspensão da descrença que permite ao leitor mergulhar devidamente na história. 

·        A paixão o autor; 

Por último, mas não menos importante, o segundo quesito que mais me toca num âmbito pessoal. 

Mesmo se você chegou no ficdom a pouco tempo, imagino que possa concordar. Dá para sentir ao ler uma história, o quanto o autor a ama, o quanto carinho e dedicação depositou ali. O quanto aqueles personagens, o tema, o universo, o quanto tudo aquilo importa para ele. 

De alguma forma isso vaza das palavras, das notas, até da capa. Das mais simples as mais elaboradas ― o que não determina esse envolvimento respectivamente. 

E quanto mais paixão por parte do autor nós sentimos, mais proporcional é o retorno dos leitores. Com isso, não estou me referindo ao alcance. Já falamos sobre isso o bastante para deixar decretado: alcance não é nada na arte. Não que não seja bom, mas não é disso que o storytelling é feito no fim das contas. 

É feito de paixão! É pela paixão que nos importamos em perder horas escrevendo, revisando, estudando, planejando, dando nosso melhor possível. 

Estamos todos reunidos aqui por isso. Para dar e receber paixão. Mesmo que seja de um único leitor fiel.  

*

Depois de todas essas considerações, minha conclusão é a de que uma boa fanfic é como um filho. Nós não precisamos que o mundo todo ame os nossos filhos, precisamos que os respeitem para que possam existir com liberdade e segurança. 

Nossas histórias devem ser amadas primeiramente por nós e depois de ter tocado nossos corações, precisam nascer num formato compreensível para que outras pessoas talvez as amem também. 

Isso acabou mais poético do que eu imaginava a princípio, mas é o que tem para hoje pessoal. Chegamos ao final de mais um artigo onde como de costume, eu os convido para comentarem sobre o que acharam e a interagirem conosco em nossas redes sociais (Twitter e Instagram).

Foi uma honra entregar mais esse material para vocês. Nos vemos numa outra terça. 

Beijos de luz o/ 

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