10 Dicas Para Escrever Cenas Hot Deliciosas

Imagem vertical onde se lê "10 Dicas Para Escrever Cenas Hot Deliciosas!", feita no website www.canva.com. Serve de capa pra um artigo sobre como escrever cenas de sexo em fanfics e histórias em geral.
Capa feita no Canva. Todos os direitos reservados.

Tirem as crianças da sala, hoje o assunto é quente!

Se você nunca esbarrou nesse tema, certamente chegou no rolê faz vinte minutos ou vive numa dimensão paralela, um mundo invertido do ficdom.

Mesmo que você não os escreva ou não aprecie esse tipo de leitura, é um fato: os hots estão por toda parte, nem precisa passar da página inicial das plataformas ou da maioria das listas de "mais lidos" por aí, para constatar isso.

Quando se fala em fanfic, cenas hot são uma das primeiras coisas a passar na cabeça de muita gente — eu sei, não é justo, somos muito mais e sabemos disso. Mas apesar deles não abrangerem toda a profundidade compreendida pelas fanfics, sua existência não precisa estar relacionada a algo ruim.

Muito pelo contrário.

E se esse título te interessou, imagino que assim como eu, você tenha chegado num ponto de suas histórias que demanda se arriscar nesse estilo e queira se preparar para um bom trabalho.

Vem comigo, pois nessa terça vou dividir os frutos da minha pesquisa sobre o assunto com vocês o/


Por que hot gera tanto interesse?

Simples, porque sexo é uma fonte de prazer para a maioria das pessoas. E quando digo sexo, não estou dizendo apenas o ato em si, mas tudo o que o permeia. A atração, a tensão, a fantasia, a intimidade, o impacto num relacionamento — ou a não necessidade dele — os fetiches e obviamente os prazeres específicos de tudo isso.

Seres humanos são extremamente sociais. Sexo para nós vai muito além de fins reprodutivos, é uma forma de expressão das nossas relações interpessoais — românticas ou não. É claro que nos desperta interesse.

Mesmo assim, sexo ainda é tabu em diversos aspectos, apesar do certo avanço da atualidade na discussão. Esse tabu gera uma desinformação e má educação social tremenda sobre o assunto. Para completar, homens e mulheres são criados sob óticas culturais diferentes, sobretudo nesse ponto, o que impacta diretamente na visão e no desempenho a respeito.

Considerando a enorme diversidade de sexualidades e identificações de gêneros existentes, a questão se torna ainda mais complexa.

E ultrapassando as grandes questões sociais, ainda existem as dificuldades do cotidiano. Vamos combinar, quantos de nós temos vidas com cenários, contextos e liberdades tão brilhantes, propícios e excitantes quanto os do entretenimento?

O que mais li durante a pesquisa que gerou esse post foram comentários de grandes autoras da literatura erótica e suas leitoras sobre como esse tipo de obra lhes contemplava um imaginário e uma fantasia de acalanto que fora das páginas não é tão fácil de encontrar.


A polêmica da idade

Imagino que quase todos lendo esse post já ouviram, leram ou até fizeram essa piada no ficdom:

"A história é +18, mas a autora tem 11"

É, não dá para negar que essa questão exista (apesar de eu torcer para que 11 seja um exagero do meme), assim como infelizmente parece inútil pedir ou esperar que as plataformas sejam mais rígidas a respeito. Tampouco podemos lutar com o óbvio: a maturidade sexual pode vir com mais idade, porém o interesse e a atenção pelo assunto são inerentes da fase das descobertas. Vem com o fim da infância, não com a maioridade penal.

Ou seja: pré-adolescentes e adolescentes fazem parte do público envolvido, tanto no consumo quanto na produção desse conteúdo sim, gostemos eu e você ou não.

E como não seriam, considerando todo o cenário de repressão sobre o tema já abordado no tópico anterior? E se tratando dessa faixa etária, a certa liberdade e anonimato proporcionados pelo acesso não monitorado a tecnologia, e pelo ficdom em si, o tornam um ambiente extremamente convidativo para essa necessidade de expressão e de explorar o assunto.

Já a discussão sobre se esses jovens deveriam estar aqui, lendo e consumindo isso, é muito mais complexa do que cabe neste post. Este é um artigo de dicas sobre técnicas de escrita, não um manifesto de educação sexual.

Há quem relacione as expressões desses jovens escritores às histórias de baixa qualidade, responsáveis pela imagem ruim muitas vezes relacionada as fanfics nesse sentido. A redatora que voz fala não se arrisca em corroborar essa afirmação e, na verdade, a acha muito generalista. Soa como uma terceirização de culpa muito simplista e leviana, numa questão profunda.

Afinal, inexperiência sobre o tema e falta de técnica de execução literária não são dificuldades exclusivas dos pré-adolescentes.

Todos esses pontos considerados, espero que esse post traga uma luz sobre o assunto a qualquer faixa etária atingida.

Enfim, vamos as dicas!


#1 — Analise a necessidade da cena.

Uma cena de sexo não é uma carta coringa para gerar interesse, segurar leitores, e muito menos um artifício para criar ou fortalecer um casal na trama. A despeito do sexo, uma cena hot nada mais é do que uma cena e deve obedecer às técnicas, assim como as demais.

Uma analogia muito usada quando se estuda roteiro é que sua história é como uma casa e cada tijolo é uma cena. Se não colocarmos o tipo de tijolo certo, na ordem e quantidade corretas, sua casa certamente terá um aspecto estranho e prováveis problemas de estrutura.

Sua cena precisa fazer um sentido coerente com a evolução, o estilo e o tom de sua história. Precisa fazer com que ela caminhe para frente.

A regra é básica: se remover essa cena não afeta em nada o desenvolvimento da história, então ela está sobrando. Não tem relevância no enredo, logo, não é necessária.

Como saber que a sua cena é um tijolo certo? Existem algumas perguntas que roteiristas costumam se fazer para tecer essa análise:

  • O que acontece nessa cena?
  • Quem precisa estar nessa cena?

  • Quando é o melhor momento para a cena começar e terminar?

  • Como essa cena influencia as cenas futuras e as anteriores?

  • O que levou os personagens a esse ponto?

  • Quais as consequências dessa cena?

  • Como isso influencia na evolução do arco dos personagens?

Eu, particularmente, costumo me perguntar "por que quero tanto encaixar essa cena agora?" Uma conversa honesta comigo mesma a respeito muitas vezes revela que meus motivos eram mais pessoais do que técnicos, e por isso não servem bem aos propósitos do enredo.

Seja porque acabei me inspirando nesse sentido, porque estou muito empolgada com o ship, porque gostaria de ler algo assim naquele dia ou porque os leitores estão pedindo desde o prólogo; quando percebo que adicionar esse tipo de cena quebraria o fluxo lógico da história, porém seria um desperdício jogar fora a inspiração, me autorizo a escrever mesmo assim e deixo guardada até o momento propício de encaixar e postar.

Na verdade, essa é uma dica que já recebi mais de uma vez ao longo da minha jornada de escritora. Muitos autores começam escrevendo o clímax e o final primeiro, nem todo mundo escreve seguindo a ordem cronológica da história.

A justificativa seria a de que é mais fácil não se perder e manter o desenvolvimento bem amarrado sabendo para onde se deve caminhar. Essa técnica ajuda a criar aqueles enredos que no fim explodem nossas cabeças trazendo a prazerosa sensação de "está tudo conectado". Talvez seja especialmente boa para quem não consegue trabalhar bem com outlines e planejamentos detalhados.

Também pode ajudar proporcionando tempo e calma para revisar a cena quantas vezes quiser, com os elementos que surgem do desenvolvimento do enredo e dos personagens, enquanto a história evolui naturalmente, deixando tudo mais profundo e impactante.


#2 — Explore o melhor ponto de vista.

Nosso famoso P.O.V é um dos artifícios mais poderosos para tornar uma cena hot memorável. Mas para isso, é claro, você precisa encontrar e explorar o melhor possível.

Apesar de romances eróticos serem um subgênero por si só, cenas hot podem fazer parte de qualquer subgênero e se tratando de histórias longas (quero dizer, com mais capítulos do que se pode chamar de conto), o melhor é que você saiba que tal ou tais cenas existirão, assim pode planejar o ponto de vista da história em si da maneira mais eficaz possível.

No caso de contos PWP (Porn Without Plot ou Plot, What Plot?; para conhecer mais termos fanfiqueiros, vide esse post) é bem mais fácil escolher um ponto de vista adequado especificamente com a cena, já que ela é o único foco e o propósito da história. Então capriche na criatividade.

Lembremos-nos sempre que uma cena de sexo é muito mais do que a descrição mecânica de contatos, inserções e movimentos corporais. Isso é o óbvio, o mínimo esperado e definitivamente não é o que excita e engaja seus leitores.

É a forma como você mostra que faz isso.

E é aqui que a escolha de ponto de vista entra como uma poderosa arma. Primeira ou terceira pessoa? Sob o olhar, sensações e sentimentos de qual personagem sua cena desenrola? Tal escolha pode destruir a conexão do leitor, ou pode elevá-la.

A dica aqui é: estude e entenda o máximo possível sobre tipos de narrador (jogue exatamente essas três palavrinhas no tio Google), compreenda todas as possibilidades que cada um te permite, faça uma boa escolha; e sobretudo, conheça seus personagens como a palma da sua mão. Saiba entrar na mente e na pele deles, saiba usar o olhar deles a seu favor. Quanto mais profundidade e conforto você tiver com esses dois tópicos, mais explosivo e interessante seu texto ficará quando unir os dois.

Por último, se puder ser inovador, seja. Algo convencional, o famoso clichê, ainda é ótimo quando bem trabalhado, mas porque não marcar o ficdom com uma novidade, se estiver ao seu alcance? Meu primeiro hot foi uma cena de primeira vez sob o ponto de vista de um personagem homem. Eu nunca havia lido algo assim, me custou uma pesquisa muito longa e desafiadora. Quando leio os comentários, sinto que faria tudo de novo, valeu a pena sair da zona de conforto.


#3  Contexto é TUDO.

O título do tópico é um tanto quanto autoexplicativo, mas vamos entrar em detalhes.

Mesmo se tratando de PWP, cenas de sexo, assim como cenas de violência, exigem certo cuidado para não soarem gratuitas demais. Você não vai começar direto com "personagem X inseriu A no ponto B", certo? Esses personagens estão em algum lugar, estavam fazendo alguma coisa, se excitaram por algum contexto, e então...

Viu? Olha a palavrinha mágica aqui de novo. Contexto.

Já abordamos aqui que qualquer subgênero pode conter cenas hot, e é aqui que mora o cuidado. Se atente ao momento da trama, o momento particular de cada personagem em seus arcos de evolução, e ao tom da sua história em geral, que não pode ser quebrado apenas por essa cena.

Digamos apenas que no meio da correria do clímax de uma história de aventura e ficção científica, onde alienígenas estão atacando a Terra, talvez não seja o melhor momento para os seus personagens tirarem a roupa e entrar um capítulo com um tom calmo, doce e romântico. Especialmente se ao longo de toda a história, esse não foi o estilo que você usou.

E mais uma vez, acertou quem previu que eu diria construção de personagem. Eu sei, eu sei, a cada post meu vocês leem isso umas cem vezes, mas vejam bem, não estou maluca: é realmente importante.

Porque às vezes pode parecer que o momento é propício e que, em qualquer outra fanfic, a cena já teria acontecido, mas mesmo se a sua história for puramente um romance erótico, deve-se considerar: os personagens envolvidos estão prontos para isso naquele instante?

É claro que só vai saber responder isso se conhecer bem seus personagens, suas personalidades, reações, traumas, gostos, etc.


#4 — Tensão também é TUDO.

Acreditem na titia, a tensão sexual é mais importante que o hot em si 99% das vezes.

Ok, seus personagens vão para a cama (ou para o chão, para a parede, um cantinho...), isso já ficou claro, mas é só a ponta do iceberg. O grande trabalho para que isso seja primoroso é porque e como eles vão.

No fim, são essas questões que excitam, pois elas constroem tal tensão. Quem são seus personagens individualmente e porquê se atraíram? Como veem um ao outro? Por que e onde reside a química, o magnetismo deles? Essas respostas precisam vazar das cenas de interação prévia dos seus personagens e saírem da boca dos seus leitores quando alguém os perguntar "por que você shipa tal casal?"

Sendo mais clara, estou te aconselhando a antes das preliminares do sexo em si, investir nas preliminares literárias. Sua cena hot precisa ser o clímax literal de uma jornada que construiu uma atmosfera de excitação em pequenas doses ao longo do desenrolar dos conflitos principais da trama. A tal da tensão sexual. 

É aquilo, a vitória não é tão doce se a batalha não tiver sido amarga. É por isso que no nosso contexto, os autores muitas vezes trabalham isso salpicando provocação e insinuações, criando uma aura de tensão latente e caminhando com a história, deixando essas arestas não resolvidas até que todo esse movimento leve os personagens para o momento chave, onde a tensão explode junto com as roupas. 

Resumindo: expectativa é a alma da satisfação. Vale para os personagens e para os seus leitores.

Mais algumas boas perguntas que podem ajudar, são:

  • O que assusta seus personagens quando o assunto é intimidade?

  • Quais são seus limites físicos e emocionais?

  • O que eles nunca fizeram?

  • O que consideram perigoso?

  • Quando nunca se envolveriam em intimidade física?


#5 — Pesquise, mas com cuidado.

Como em basicamente tudo na escrita, você não vai escapar da parte de pesquisa para isso também.

Porém o conselho aqui não é apenas para te estimular a fazê-lo; é para que tome cuidado com como o fará.

Ter maratonado todos os hots e/ou histórias das plataformas, parecidas com sua proposta, não significa que pesquisou o suficiente. Saber o que a maioria dos autores está fazendo e para onde os leitores tem se concentrado é só parte do trabalho. Afinal, você não quer se tornar um autor mecânico, repetindo mais do mesmo, certo?

Se empenhe numa pesquisa abrangente. Estude um mínimo de anatomia e fisiologia humana.

Calma! Não estou te dizendo para abrir um milhão de livros como se quisesse passar no ENEM. Apenas se certifique de saber o básico sobre como funcionam os corpos dos seus personagens durante uma relação sexual.

Algo que funcionou para mim antes de escrever meu primeiro hot foi sentar com uma folha em branco e fazer um brainstorm. Me imaginei tentando escrever a cena naquele instante, e toda vez que travava, eu me perguntava "por que". Nesses porquês sempre moravam dúvidas, então eu as anotava na folha. Saber exatamente quais eram minhas dificuldades facilitou e agilizou muito minhas pesquisas. 

Essa eu sei que vai parecer estranha, mas se você quer verossimilhança mesmo ainda querendo passar aquele encantamento que só a ficção pode proporcionar, eu te aconselho a ouvir relatos de pessoas reais. 

Eu lembro de ter conversado bastante com mulheres da família, de ter recebido áudios de amigos homens sobre suas primeiras vezes e de ter deixado o privado do Facebook aberto por uma semana para membros de um grupo me ajudarem com a pesquisa — claro, um grupo não muito grande e de confiança; do contrário, eu provavelmente teria recebido uma chuva de nudes desnecessários e propostas pervertidas.  

E para os que essas possibilidades não existem, no YouTube e em podcasts você pode encontrar uma variedade de relatos que inclusive costumam acompanhar contextos ricos e especificidades. Por exemplo, os podcasts me ajudaram a ter uma visão bem mais realista da maternidade e sexualidade da mulher adulta.


#6 — Descrição explícita NÃO é obrigatório.

O sexo na sua história não precisa ser extenso, muito menos hiper detalhado. Até porque como já foi dito antes, a necessidade ou não disso, vem, antes de mais nada, do tom geral, ponto de vista e estilo de narrador.

Um livro narrado em primeira pessoa por uma personagem extremamente tímida demanda um nível diferente de descrição de um livro de comédia com um narrador onisciente. Em um, você jamais deveria usar palavras de baixo calão. No outro, bom, talvez. Já caberia uma análise.

Uma grande questão sobre descrições em cenas hot paira em como citar as partes íntimas dos personagens. O melhor resumo de respostas que posso oferecer é:

  • Não apelide, troque ou compare por insegurança. Dá para sentir quando o autor está desviando ou floreando de propósito, porque ele mesmo tem nervoso de digitar ou escrever as palavras. Cite se for soar maduro, seguro e condizente na narração.

  • Não tem problema nenhum simplesmente não citar. O contexto te segura, ele torna compreensível o que ficou implícito. Olha só:


"Ela deslizou a mão para dentro da minha calça e tocou meu pênis/falo/etc".

"Ela deslizou a mão para dentro da minha calça e me tocou."

Você não teve problemas para entender o segundo exemplo e ele disse a mesma coisa que o primeiro.

Lembre-se de evocar os cinco sentidos do leitor. Sexo é uma atividade sensorial e a pessoa que lê uma cena dessas quer ser bem lembrada disso. Se for para ir fundo na descrição, faça os seus leitores e personagens sentirem tudo o que pode ser explorado, não apenas o que poderia ser visto de fora.

Você pode descrever como os personagens se sentem em diversas áreas; no campo físico, psicológico, emocional. Você pode descrever como eles ouvem a cena, no que prestam mais atenção. Não precisa descrever como tiraram cada peça de roupa um do outro ou cada exata área que tocaram, em qual ângulo, quantas estocadas um personagem deu no outro. Você definitivamente não precisa gastar linhas descrevendo detalhes da anatomia íntima de cada personagem, nem evocar uma idolatria a essas partes.

Se quiser profundidade, descreva os pensamentos deles. Estão nervosos? Preocupados com o desempenho? Analisando o parceiro ou parceira? Só sentindo o momento? Ansiosos com o depois? Estão gostando ou nem tanto assim? Estão fingindo para agradar?

Sobre a descrição dos corpos dos personagens como um todo, em minha pesquisa eu encontrei um apelo muito grande dos leitores por mais verossimilhança a respeito. O leitor atual está querendo mais do que corpos entalhados numa perfeição irreal. Eles querem se identificar, se sentirem representados.

E se você autor, sentir que uma cena de sexo não é tão relevante ou não quiser criar um conteúdo erotizado, mas quiser citar que aconteceu de forma rápida, tudo bem. O que for melhor para a sua história. Se quiser começar um capítulo com um pós sexo onde os personagens já estão se levantando da cama, tudo ótimo.


#7 — Quando NÃO escrever um hot.

É vital que você se pergunte e obtenha uma resposta sincera: o que, de fato, me leva a escrever essa cena? Como me sinto a respeito?

Calma! Não estou te dizendo para levar seus hots à terapia. Mas creio que todos sabemos quantas pressões e crenças limitantes envolvem o assunto; é importante saber se você não está apenas cedendo a elas.

Seja porque os leitores pressionam, seja porque você enfiou na cabeça que só vai ter as views que merece através disso... seja pelo que for, a verdade que não podemos esquecer é a seguinte: hots não são uma obrigatoriedade de toda história. Se criar esse tipo de conteúdo não te deixa confortável, se mesmo com muita pesquisa, você ainda não se sente seguro, tudo bem.

Não se force, não faça. 

Você não deve escrever um hot se esse não for o seu estilo. Isso não te fará um autor menor do que ninguém. Respeite e exalte o melhor autor que você pode ser dentro dos seus limites; não o que te sugerem ser, nem o que os outros são. 

Tem espaço para todo o tipo de escrita no ficdom. É só escrever com o coração.


#8  Faça o leitor se sentir representado.

Pincelamos sobre isso no tópico de descrições, aqui vamos além.

Mais do que se identificarem com as descrições físicas, os leitores gostam de se identificar com a construção dos personagens.

Que o enredo nos faça viajar, em fantasia, terror, o que for; para suspendermos a descrença natural de todo início de história e comprarmos aquela ficção, precisamos ter empatia pelo personagem trilhando aquela jornada.

É mais fácil criar empatia quando nos sentimos representados.

Mas vá com calma. Não saia salpicando assuntos só para cumprir tabela. Trabalhar com representatividade exige extrema responsabilidade, não se force a abordar aquilo que não entende. Busque o máximo de verossimilhança que você pode chegar por hora. Já basta.


#9 — Chame um(a/e) beta reader.

Se o leitor alpha é o público em geral, o leitor beta é aquele que vem antes. É o primeiro a ler sua história depois de você, e apesar de ser um conceito razoavelmente conhecido no ficdom, nem todos os ficwritters recorrem a um com frequência.

Mas em trabalhos mais complicados, inovadores para o nosso costume e principalmente, com qualquer aspecto que fuja a realidade de nossas vivências, o ideal é não só recorrer a um beta, como a um cuja vivência compreende o que você desconhece. Ou seja, uma leitura sensível.

Encontre alguém de confiança, entenda sua forma de trabalho e a respeite. Procure buscar betas onde eles costumam se dispor. Por tudo que é mais sagrado, não saia tacando texto no privado dos outros sem nenhum contexto, dizendo que foi a tia do AE que mandou, ok?


#10 — Se orgulhe do seu trabalho, e não se envergonhe dele.

Muitos de nós tendem a encarar o ficdom como uma vida dupla. Cada um tem seus motivos para tanto, mas ao menos no nosso coração, tenhamos orgulho do que fizemos.

Você pesquisou, estudou, se dedicou, gastou tempo, pôs um pedaço de si ali. Não importa que no final você ainda ache que podia melhorar. Sempre podemos melhorar. Como a perfeição não se atinge da noite para o dia e talvez nem exista, se orgulhe de cada passo, de cada conto, de cada experiência.

Se orgulhe, se parabenize, se recompense por cada ciclo terminado. Isso ajudará na sua motivação para continuar no caminho.

Suas palavras farão o dia de alguém um pouco mais interessante, se isso não é motivo o bastante para nos orgulharmos, não tenho mais o que acrescentar.


*


Por hoje é só pessoal. Espero ter acrescentado algo a vocês. Que nosso empenho ajude a desmistificar e quebrar tabus sobre os hots. Que o ficdom tenha cada vez mais material quente de qualidade.

Sexo é um aspecto natural da vida da maioria das pessoas e que façamos nossa parte como escritores para que ele seja, também na arte, uma representação de prazer consensual, saudável, livre e empoderado.

E como me despedir é sempre triste, convido vocês a continuarem pertinho através das nossas redes sociais Twitter e IG. Inscrevam-se também por e-mail, para não perder mais nenhum post novo! O box está aqui do lado (desktop) ou então embaixo (mobile). E não deixem de compartilhar o artigo nas redes sociais, ok? O botões estão aqui embaixo.

Beijos de luz e até uma próxima terça o/

2 comentários:

  1. Cara, muito bom seu texto, de verdade!!! Comecei na fanficagem muito cedo, mas só comecei a escrever hots no ano passado, quando me senti pronta pra isso. E, de fato, acho o que mais me ajudou a escrever algo que eu olhasse e pensasse “isso é bom, posso publicar”, foi saber o que meus leitores em potencial gostariam de ler. Além disso, também fiz uma lista de coisas que eu achava ruim em hots e vi que muito disso condizia com as mesmas “reclamações” de outros leitores. A partir daí, comecei a treinar e rolou.
    Uma das discussões que seria muito legal que vocês abrissem futuramente é da literatura erótica enquanto parte de um processo de educação e conhecimento sexual. É inegável que todo mundo que começou na fanficagem cedo, pesquisa por material explícito e isso moldou nossa visão sobre o sexo durante algum tempo, ainda mais pra quem não tem/teve acesso à esse tipo de discussão em casa ou na escola.
    Vejo que, por exemplo, ainda é muito debatido em grupos de fanfic a respeito de falar ou não de métodos contraceptivos, com ou sem camisinha e etc. Em todos os meus anos de leitora, consigo contar nos dedos quantos hots eu li em que tinha explicitamente que aquela era uma relação segura.
    Por ter começado a escrever hots adulta, porém ter começado a lê-los quando tinha 13/14 anos, sei que aquilo ali influencia e muito. Então, pra mim, o ponto chave da questão não é nem se menores de idade estão consumindo algo explícito e, sim, se aquele conteúdo reflete algo que minimamente se pareça com a realidade e se ele em algum nível pode ser usado como ferramenta educativa e informativa.
    Enfim, me empolguei no comentário, mas adorei o texto. Vou acompanhar a partir de agora 💕

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    1. Ahoy! Me desculpa a demora pra responder, meu anjo. A adm Boo se ausentou da equipe do AE, então eu te responderei, okay? ♡

      Muito obrigada por cada palavra de carinho! Eu mesma não escrevo smut há anos (certamente já esqueci como se faz, a essa altura do campeonato). Compreendo o que disse e concordo completamente, sobretudo sobre estudar o que você achava ruim. É o que a Jenna Moreci sempre diz, né; a gente não é um floco de neve, então se acatamos com nosso próprio gosto, já encontramos nosso público-alvo, porque com certeza tem mais gente por aí com os mesmos gostos que a gente.

      Esse é um ÓTIMO tópico a se sugerir! Eu estava com algo semelhante em mente há meses, mas não conseguia pôr em palavras o enunciado hihihi. No futuro vai sair um post assim, mas vai demorar porque procurarei ser o mais completa possível e tem muuuita coisa a cobrir nesse assunto. Obrigada pela sugestão, meu bem.

      De fato, até porque a pré-adolescência e a adolescência são as fases de descoberta, né. Acho que a partir dos 13 anos é até recomendável começar a falar dessas coisas com a criança, visto que não tem como fugir do assunto na sociedade em que vivemos. A partir dessa perspectiva, a ascensão do consumo de fanfics como mídia é um causo a se pensar... hmmmmm.

      Imagina, meu bem; está sempre bem vinda a deixar quantos textões quiser aqui no AE. Espero que goste de nossos conteúdos futuros ♡

      Nota: Comentei isso no lugar errado antes QUE ÓDIO.

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