Divã da Autora - EP #2
Senhoras
e senhores, chegamos para mais uma sessão.
Já
passamos a parte das apresentações, mas para quem pulou e não faz ideia de quem
seja essa louca falando com vocês, está aqui
o atalho.
Hoje
eu vim contar minha experiência com a Ficha de
Personagens recém-criada pela nossa adm Miranda e
disponibilizada gratuitamente para a alegria de vocês, queridos leitores do AE.
Nossa
fada não exige o crédito para o uso, porém vai ficar muito feliz se o fizerem.
Suas únicas exigências são para que não modifiquem, nem vendam essa ficha. E
caso decidam na maior cara de pau, não respeitar esse pedido, atendam no mínimo
nosso segundo apelo e não saiam espalhando upload dessa versão editada
por aí, como se fosse sua.
Seja
você daqueles que ama ou dos que protela a construção dos personagens até não
poder mais, esse post tem a ousada pretensão de tentar te inspirar e te
acrescentar.
*
Considerações
iniciais
Essa
não é nem de longe a minha primeira experiência com fichas de personagem, visto
todos os meus anos nesta indústria vital (favor relembrar que sou velha), no
entanto, confesso que é a primeira vez que responderei uma ficha para
fanfic.
Eu
costumava acreditar que enquanto escrevesse usando o universo canônico do meu
fandom, isso não seria necessário. Que eu só precisava estudar muito bem os
personagens que havia escolhido trabalhar e com isso eu saberia como eles
reagiriam aos conflitos que eu criasse para o enredo e o roteiro da história se
desenrolaria com naturalidade.
Bom,
isso meio que deu certo até aqui, mas então me deparei com o arco final da
minha atual fanfic em andamento (para quem curte Naruto e quiser dar uma
olhada, aqui
está).
E
no meio do caminho tinha uma pedra, meus irmãos.
A
principal força do meu antagonismo é toda de criação original e finalmente
chegou o momento dele brilhar fora da moita nas batalhas finais. E eu ainda não
tinha me dado o trabalho de construi-lo com
profundidade.
Até
aqui o meu antagonista não passou de citações de uma anti-heroína sobre ele.
Nada mais que relatos de suas ações. Ou seja, não é suficiente para que eu
saiba quem ele de fato é, afinal, somos muito mais que nossos atos.
E
se eu não sei bem quem ele é… Como posso esperar que meus leitores fiquem
sabendo?
Por
isso, vamos de ficha de vilão o/
Fichas
sempre foram métodos confortáveis para mim, se tem uma coisa que eu gosto é de
responder perguntas e de fato, essa é uma ótima maneira de sintetizar algo as
claras. Entretanto, eu também sempre tive um problema sério com elas.
A
verdade é que acho a maioria longa demais e com boa parte das perguntas sendo
apenas descrições rasas que não auxiliam de fato na execução da história.
Quero
dizer, e daí que a protagonista é loira, de olhos azuis, tem sardas no rosto e
calça trinta e sete? Por que eu tenho que saber a playlist favorita dela
no Spotify e o sabor favorito de casquinha? Ela ao menos vai comer essa
casquinha na história?
Mas
vamos aos fatos, independente dessa minha preguicinha pessoal, é sempre
indicado que nós, autores, saibamos muito mais sobre os personagens do que
provavelmente será descrito na história. Isso é porque precisamos senti-los.
Damos vida a eles, logo, precisamos saber como é estar em suas peles e
toda a informação que puder auxiliar nisso é válida.
Resumindo: Seja forte, vale a pena, todo o
trabalho será compensado quando a escrita dos seus capítulos fluir muito mais
fácil, porque você terá profundidade para transmitir.
De
qualquer forma, o ideal é pesquisar vários modelos de ficha — acredite em mim,
a internet é lotada deles — e encontrar quais se encaixam melhor para os
propósitos da sua história.
Mesmo
que no fim das contas, toda a informação tenha lá sua cota de valor, não
adianta pegar a maior e mais completa ficha do mundo para responder, não se
adaptar ao modelo e por fim desistir. Precisa ser algo possível na sua
realidade.
Depois
de responder tantos outros, eu não podia deixar de testar o modelo da minha
parceira de trabalho aqui no AE.
Primeiras impressões
Confesso
que quando eu abri o arquivo no Drive a primeira vez e vi dez páginas,
eu engoli em seco e meu primeiro pensamento foi “Miranda, você prometeu…”.
Mas
a verdade é que a formatação é 50% responsável por esse tamanho, então se
acalme.
Claro
que ainda assim, são bastante questões e espaços para dissertar e preencher.
Sobre isso eu lhes asseguro são tópicos úteis o suficiente para te fazer
perdoar e até agradecer o tempo que gastar respondendo.
A
maioria das fichas nas quais me arrisquei antes dessa, não costumam te
acompanhar na evolução do personagem dentro da história, abordando muito como
ele se parece no presente narrativo e apenas resumos breves de informações
sobre o passado. Essa te acompanha de forma objetiva, porém satisfatoriamente
completa pela evolução do personagem ao longo dos arcos, conduzindo-o ao
futuro/final da história.
Esse
ponto foi o que o mais me cativou.
O processo
Logo
de cara, na parte das informações básicas eu confirmei o quanto costumo me
assustar à toa com coisas novas em primeira instância.
Quando
percebi que não tinha respostas para todas as perguntas, percebi que isso é sim
uma resposta e como sempre, eu sofri por antecedência sem necessidade.
Por
exemplo, os nomes dos pais do meu personagem nunca serão citados, porque essa
não é uma informação relevante para o meu enredo, inclusive eles estão mortos
no presente narrativo. Eu não preciso que os leitores gravem ou criem empatia
com esses nomes. O que importa é a posição social deles e algumas escolhas
específicas que moldaram meu antagonista.
Com
isso eu concluí e aconselho que não percam muito tempo forçando para criar
respostas para todas as questões se elas não existirem.
Calma,
calma, eu não estou me contradizendo do tópico acima, onde disse que achava
todas as questões relevantes. Veja bem, elas são, mas para te fazer pensar, não
inventar coisas aleatórias para forçar o encaixe no modelo.
A
ideia é que ao ler cada tópico ou questão, você pense, sinta, visualize seu
personagem e sua trajetória. Olhe para o seu roteiro, cheque seu outline e se
pergunte se aquela resposta existe, como existe e qual é a relevância dela no
seu projeto.
Descobrindo
isso, você passa a ter a métrica real do seu personagem e da dimensão e
importância dele no seu roteiro. Por exemplo, se você estiver respondendo a
ficha sobre um personagem secundário, é natural ter menos informação para
preencher do que teria na ficha de um protagonista.
Saber isso revela e reforça o papel dele na história. Para nós autores é uma boa forma de não nos perdermos no meio do caminho e esbarrar naquele mal dos personagens aleatórios que roubaram mais espaço do que deviam e ofuscaram os próprios protagonistas.
E
também previne que você gaste mais tempo nisso do que o necessário, se canse e
se desvie do objetivo primário.
Conclusão
O
roteiro desse post incluía comentários sobre cada passo da ficha, com prints
e tudo o mais, porém acabei percebendo que não precisamos nos estender tanto.
Convenhamos, a internet é dinâmica e vasta demais para eu acreditar que vocês
têm todo esse tempo para perder aqui comigo.
Além
de que eu não preciso mastigar para vocês sobre como responder uma ficha,
certo? Creio que todos entendemos bem a lógica e foi possível resumir de forma
mais pontual.
E
eu também me preocupei em não dar spoilers para meus possíveis leitores que
estejam por aqui (apesar deles adorarem, o que eu realmente não consigo
entender).
Minhas
últimas conclusões sobre a experiência até o fechamento desse post, são de que
sim, o modelo de ficha da Mira é ótimo, eu adorei a experiência e assumiu
tranquilamente o lugar do molde que eu antes considerava meu top 1. Recomendo
com todo o gosto do mundo, me surpreendeu mais do que eu imaginava que
fosse.
Sim,
isso quer dizer que eu ainda não a terminei, o que nos leva ao meu próximo
comentário.
Acabei
percebendo que muito do meu — e provavelmente de alguns de vocês também —
receio inicial com o tamanho da ficha, vem do meu péssimo hábito de não
conseguir tirar o peso de “tarefa” de tudo o que eu faço. A verdade é que esse
precisa ser um processo leve, precisa ser minimamente divertido.
Criamos
histórias acima de tudo, porque amamos fazer isso. Então porque o processo deve
parecer pedante? Me vi parando para pensar porque eu enrolei tanto para
desenvolver esse personagem e descobri que é porque eu queria matar a tarefa de
uma vez, o que acabou com a graça dela para mim.
É
assim que por vezes procrastinamos e demoramos mais do que gostaríamos a
princípio para terminar nossas histórias. É assim que até desistimos
delas.
Nunca
deixe de se autoanalisar e manter acesa a paixão por sua história. Não se
sobrecarregue com elas. Crie metas possíveis na sua rotina, se respeite e se
divirta.
Em livre tradução:
Aconselho vocês a desistir de cara da ideia de responder a ficha toda num
dia só. É cansativo, não são respostas óbvias e objetivas apesar de parecer. É
necessário muito esforço mental, afinal é necessário manter a coerência e a
consistência entre as informações. Criar toda uma vida para alguém não é algo
que devemos nos forçar a fazer em tempo recorde. A pressa de fato é inimiga da
perfeição nesse caso. O ideal, como também já aconselhou por aqui a adm
Miranda, é dividir seu tempo para que o trabalho nesta parte do planejamento e
o andamento da sua escrita não sobreponha um ao outro, nem o restante do seu
dia a dia.
*
É
amigos, o processo de criação não é a moleza que sonhamos, mas podem acreditar:
a recompensa por enfrentá-lo e vencê-lo tem sabor de mel (se você não gosta de
mel, insira qualquer outra coisa agradável a ti aqui, mas por favor, não me
faça reescrever meus memes de velha).
E
é tentando manter um otimismo no meio do meu habitual realismo que eu termino o
segundo relato quinzenal das minhas divagações sobre a rotina de fanfiqueira
nesta coluna.
Me
conta aí se você testou a ficha da Mira e o que achou. Me conta a sua
experiência com construção de personagem. Compartilhe esse conteúdo com os seus
chegados, vai que eles também estão precisando de um modelo novo de ficha ou se
identificam com os meus surtos, vai saber…
Beijos
de luz e até a próxima terça o/
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